[critérios
de classificação do Ministério]
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Leia atentamente
as instruções:
- Esta prova é constituída
por 2 (dois) grupos de questões:
- GRUPO I - 3 (três) questões;
- GRUPO II - 1 (uma) questão.
- A indicação
do número de linhas/palavras tem um carácter
meramente orientador do grau de desenvolvimento da resposta.
- A inadequação
das suas respostas às questões formuladas
implicará uma pontuação de O (zero)
pontos.
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Grupo I
Grupo II
Cotações
GRUPO
I
- Seleccione apenas
um dos textos transcritos e responda
às três questões que lhe são
colocadas acerca desse texto e da obra a que pertence.
- Na resposta às questões 1 e 2
deverá utilizar, em cada uma, aproximadamente
10 linhas (cerca de 80 palavras).
- Na resposta à questão 3 deverá
utilizar, aproximadamente, 40 linhas (cerca de
320 palavras).
- A mera transcrição
de frases do texto implicará uma pontuação
de O (zero) pontos.
- A não manifestação
do conhecimento da obra implicará uma pontuação
de O (zero) pontos.
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DA NATUREZA,
Parménides
TEXTO
Como poderia perecer
o que é? Como poderia gerar-se?
Pois, se se gerasse, é porque não é,
nem tão-pouco se vier a ser.
Assim a geração se extingue e a destruição
é coisa em que se não fala.
Também não é divisível, pois
que é homogéneo.
Nem há mais num ponto, que o impeça de ter
coesão,
nem menos no outro, mas tudo está cheio do
que é.
Assim é tudo contínuo; pois o que é
está cerca do que é.
Além disso, está imobilizado nos limites
de cadeias potentes,
sem começo, sem interrupção; pois
geração e destruição
foram lançadas para longe, e a convicção
verdadeira as repeliu.
É o mesmo, que permanece no mesmo e em si repousa,
ficando assim firme no seu lugar.
Frag. 8, v.v. 19-30,
in M. Helena da Rocha Pereira,
Hélade, Coimbra, FLUC, 1990, p. 131
QUESTÕES
- Explicite a justificação
da tese da continuidade do ser.
- Explique, com base no texto, a imagem
do ser «imobilizado nos limites de cadeias potentes».
- Esclareça a importância
deste extracto no contexto da respectiva obra.
GÓRGIAS,
Platão
TEXTO
Querefonte
- Pois bem, diz-me então qual é a arte exercida
por Górgias e qual o nome que, consequentemente,
lhe devemos atribuir.
Polo - Querefonte, muitas são
as artes cultivadas pelos homens, que as descobriram experimentalmente
através de experiências. Na realidade, é
a experiência que orienta a vida do homem segundo
as regras da arte, ao passo que a inexperiência
a faz caminhar ao acaso. Perante estas variadas artes,
uns declaram-se por umas, outros por outras, e os melhores
escolhem as melhores. Górgias pertence ao número
destes últimos, e a arte que cultiva é a
mais bela de todas.
Sócrates - Tenho a impressão,
Górgias, de que Polo está muito bem equipado
em matéria de discursos, mas não me parece
que esteja a cumprir a promessa que fez a Querefonte.
Górgias - Explica-te melhor, Sócrates.
Sócrates - Acho que ele ainda
não respondeu ao que se lhe perguntou.
Górgias - Pergunta-lhe então
tu, se preferes.
Sócrates - Não, gostaria
muito mais de te interrogar a ti, no caso, evidentemente,
de estares disposto a responder-me. Do que acabo de ouvir
a Polo deduzo que ele se tem dedicado mais à chamada
retórica do que à dialéctica.
Polo - Porquê, Sócrates?
Sócrates - Porque Querefonte te
perguntou qual era a arte cultivada por Górgias,
e tu, em vez de dizeres qual é, limitaste-te a
elogiá-la, como se alguém a estivesse a
atacar.
Polo - Não respondi eu que era
a mais bela das artes?
Sócrates - Respondeste, mas ninguém
te perguntou quais eram as qualidades da arte de Górgias:
perguntaram-te apenas que arte era e qual o nome que convém
atribuir a Górgias. Relativamente aos exemplos
que há pouco te apresentou Querefonte, respondeste
com justeza e concisão. Diz agora da mesma maneira
qual é a arte de Górgias e como devemos
designá-lo. Ou antes, Górgias, diz-nos tu
próprio como devemos chamar-te em função
da arte que exerces.
Górgias - A minha arte é
a retórica, Sócrates.
Sócrates - Devemos então
chamar-te orador?
Górgias - E bom orador, Sócrates,
se me queres chamar aquilo que «me glorifico de
ser», como diz Homero.
Sócrates - Sem dúvida que
quero.
Górgias - Chama-me então
assim.
Sócrates - E poderemos dizer que
és capaz de formar outros oradores?
Górgias - Essa é a profissão
que exerço, não apenas aqui, mas em toda
a parte.
448c-449b, Lisboa,
Edições 70, 1991, pp. 21-24
QUESTÕES
- Explique, com base no texto, o que
leva Sócrates a considerar que Polo se dedica mais
à retórica do que à dialéctica.
- Explicite, a partir do texto, o
que quer Sócrates saber acerca de Górgias
e da sua arte.
- Esclareça a importância
deste extracto no contexto da respectiva obra.
FÉDON,
Platão
TEXTO
[Símias]
-(...) o argumento que invocas, qualquer um podia aplicá-lo
à harmonia e a uma lira com as respectivas cordas.
Também da harmonia se poderá dizer que é
o elemento invisível, incorpóreo, algo de
sumamente belo e divino, que jaz na lira harmonizada;
e da lira em si, bem como das cordas, que é o elemento
material, corpóreo, compósito e terreno,
aparentado ao que é de natureza mortal. (...) E,
portanto, se a alma é na realidade uma espécie
de harmonia, temos então que, quando o nosso corpo
se distende ou se retesa em excesso, por efeito de doenças
ou de quaisquer outros males, a alma não tarda,
apesar de sumamente divina, a ficar aniquilada, tal como
essas outras harmonias, que encontramos nos sons e nas
demais obras dos artífices; e enquanto isto, os
despojos de cada corpo permanecem ainda longo tempo, até
serem consumidos pelo fogo ou apodrecerem. Vê, pois,
o que responderemos a um argumento destes, se alguém
sustentar que a alma, sendo uma combinação
de elementos do corpo, é a primeira a ficar aniquilada
nisso a que chamamos morte... (...)
[Sócrates] - Vejamos então
um desses defensores da teoria da alma-harmonia: segundo
ele, que representarão na alma estas duas coisas
— virtude e vício? Dirá, no primeiro
caso, que é ainda outra espécie de harmonia
e, no segundo, uma desarmonia? E que uma alma harmonizada,
ou seja, uma alma boa, sendo já de si uma harmonia,
possui em si mesma uma outra espécie de harmonia,
enquanto a que é desprovida de harmonia, embora
sendo ela também uma harmonia, não possui
essa segunda espécie?
[Símias] - Por mim, nada posso
garantir. (...) Mas é claro que um defensor de
tal teoria não deixaria de te dar mais ou menos
uma resposta dessas. (...)
[Sócrates] - Vejamos ainda: em
tais condições, será admissível
que qualquer alma, comparada com outra, tenha maior porção
de virtude do que de vício, se é certo ser
a virtude uma harmonia e o vício uma desarmonia?
[Símias] - Inteiramente inadmissível.
[Sócrates] - Mais até,
Símias: seguindo à risca a tua argumentação,
jamais uma alma, como harmonia que é, terá
parte no vício; pois nenhuma harmonia, que seja
plenamente harmonia e tão-só isso, poderá
alguma vez ter parte da desarmonia.
85e-94a, Coimbra, Livraria
Minerva, 1988, pp. 86-98
QUESTÕES
- Explicite a objecção
de Símias à imortalidade da alma.
- Explique, com base no texto, a resposta
de Sócrates à objecção exposta
por Símias.
- Esclareça a importância
deste extracto no contexto da respectiva obra.
CATEGORIAS,
Aristóteles
TEXTO
Substância,
na acepção mais fundamental, primeira e
principal do termo, diz-se daquilo que nunca se predica
de um sujeito, nem em um sujeito, por exemplo, este homem
ou este cavalo. No entanto podemos falar de substâncias
segundas, espécies em que se incluem as substâncias
primeiras, e nas quais, se são géneros,
ficam contidas as mesmas espécies. Por exemplo:
o homem individual inclui-se na espécie nominada
homem e, por sua vez, incluímos essa espécie
no género chamado animal. Designamos, portanto,
de segundas estas últimas substâncias, isto
é, o homem e o animal, ou seja, a espécie
e o género.
Do exposto deduz-se
com evidência que o predicado deve ser afirmado
já do sujeito, já do nome, já da
definição, por exemplo, homem é predicado
de um sujeito, ou seja, o homem individual; por um lado,
o nome da espécie chamada homem predica-se afirmativamente
de cada indivíduo; por outro, aplicamos a palavra
homem a um homem, porque o homem individual é ao
mesmo tempo homem e animal. De modo que, por conseguinte,
o nome e a noção de espécie são
ambos categoria do sujeito. Quanto ao que está
presente ou se acha em um sujeito, os seus nomes e definições
não são predicáveis do sujeito, pelo
menos na maior parte dos casos. Noutros, contudo, nada
impedirá que o nome seja predicado do sujeito,
mas já o mesmo não se verifica para a definição,
por exemplo: o nome branco é sem dúvida
inerente a um sujeito, um corpo, porque o corpo é
o que chamamos branco. Todavia, a definição
de brancura jamais pode ser predicada de qualquer corpo.
Quanto ao mais,
ou bem que se diz das substâncias primeiras, ou
bem que se acha nelas como em seu sujeito. Tanto resulta
manifesto nos exemplos particulares que se nos apresentam.
Tomemos por exemplo o termo animal, que se predica de
homem. Animal é predicado de um homem determinado,
porque, se o não fosse de nenhum homem determinado,
não o seria também de homem em geral. Outro
exemplo: a cor está no corpo, de modo que também
está neste ou naquele corpo, pois se pudesse estar
onde não estivesse qualquer corpo, a cor não
estaria absolutamente no corpo em geral. De modo que todas
as coisas, sejam elas quais forem, excepção
feita às substâncias primeiras, ou são
predicados das substâncias primeiras, ou então
acham-se nelas na acepção de sujeitos. E
não havendo estas substâncias primeiras,
não haveria nenhuma das outras substâncias.
2a-b, in Organon,
Lisboa, Guimarães, 1985, pp. 48-50
QUESTÕES
- Esclareça o conteúdo
do primeiro período do texto.
- Partindo do texto, esclareça
o primado das substâncias primeiras.
- Esclareça a importância
deste extracto no contexto da respectiva obra.
O MESTRE,
Santo Agostinho
TEXTO
AGOSTINHO
- Que te parece que queremos levar a efeito quando falamos?
ADEODATO - Quanto precisamente me ocorre
agora, ou ensinar ou aprender.
AGOSTINHO - Vejo e concordo com uma das
partes, pois é evidente que quando falamos queremos
ensinar. Mas aprender, como?
ADEODATO - Como te parece enfim que é,
senão interrogando?
AGOSTINHO - Pois eu entendo que, mesmo
neste caso, não pretendemos outra coisa que não
seja ensinar. Com efeito, pergunto-te se interrogas por
outro motivo senão o de dar a conhecer o que queres
àquele que interrogas?
ADEODATO - Dizes a verdade.
AGOSTINHO - Já vês então
que nada mais pretendemos com a locução,
além de ensinar.
ADEODATO - Não o vejo com toda
a clareza, porque, se falar não é mais que
proferir palavras, parece-me que o mesmo fazemos quando
cantamos. Ora, como isto o fazemos muitas vezes sozinhos,
não havendo ninguém presente para aprender,
não penso que queiramos ensinar qualquer coisa.
AGOSTINHO - Eu, porém, julgo que
há um género de ensinar por meio da rememoração,
e certamente importante; isto no-lo indicará o
assunto mesmo da nossa conversa. Mas, se és de
parecer que não aprendemos quando recordamos e
que não ensina aquele que rememora, não
te contrario. Entretanto, estabeleço desde já
dois motivos por que falamos: ou ensinar ou rememorar,
quer aos outros quer a nós mesmos. Isto fazemos
também quando cantamos. Não te parece?
ADEODATO - Não, de modo nenhum.
Com efeito, eu não canto, a não ser muitíssimo
raramente, para me rememorar, mas sim apenas para me deleitar.
AGOSTINHO
- Percebo o que pensas. Entretanto, não notas que
aquilo que te deleita no canto é certa modulação
do som? Ora, como esta se pode unir ou separar das palavras,
uma coisa é falar, outra cantar. De facto, entoam-se
cantos por meio das flautas e da cítara; as aves
também cantam, e até nós, às
vezes, sem palavras entoamos algum trecho musical; esta
toada pode dizer-se canto, mas não locução.
Tens alguma coisa a objectar?
ADEODATO - Nada, evidentemente.
In Opúsculos
Selectos da Filosofia Medieval,
Braga, Fac. de Filosofia, 1991, pp. 53-54
QUESTÕES
- Explicite a objecção
de Adeodato à tese de que com a locução
tudo o que pretendemos é ensinar.
- Exponha os argumentos com que, no
texto, S. Agostinho justifica a ideia de que «uma
coisa é falar, outra cantar».
- Esclareça a importância
deste extracto no contexto da respectiva obra.
PROSLOGION,
Santo Anselmo
TEXTO
Como, porém,
disse [o insipiente] no seu coração aquilo
que não pôde pensar, ou como é que
não pôde pensar o que disse no coração,
já que pensar e dizer-no-coração
são a mesma coisa? Mas se, verdadeiramente, e ainda
mais porque verdadeiramente não só o pensou,
já que o disse no coração, mas também
não o disse no coração porque não
o pôde pensar — não é de um
só modo que alguma coisa se diz no coração
ou se pensa. De um modo diferente se pensa uma realidade,
quando se pensa a palavra que a significa, e de outro
modo diferente quando se intelecciona aquilo mesmo que
essa realidade é. E assim, do primeiro modo pode-se
pensar que Deus não existe; do segundo modo é
absolutamente impossível. Na verdade, ninguém
que inteleccione aquilo que Deus é pode pensar
que Deus não existe, embora diga estas palavras
no coração, ou sem nenhuma ou com alguma
significação inconexa. Deus, com efeito,
é «aquilo maior do que o qual nada se pode
pensar». Quem intelecciona isto devidamente, intelecciona
sem dúvida que isso mesmo existe de tal maneira
que nem em pensamento pode não existir. Quem, por
conseguinte, intelecciona que Deus existe desse modo,
não pode pensar que Ele não existe.
Graças
te sejam dadas, bom Senhor, graças te sejam dadas,
pois o que antes acreditei por um dom teu, intelecciono-o
agora por uma luz que vem de ti, de modo que, se não
quisesse acreditar que tu existes, não poderia
deixar de o inteleccionar.
In Opúsculos
Selectos da Filosofia Medieval,
Braga, Fac. de Filosofia, 1991, pp. 140-141
QUESTÕES
- Partindo do texto, esclareça
o propósito da distinção entre os
dois modos de pensar.
- Baseando-se no texto, indique a
razão pela qual a inexistência de Deus é
impensável.
- Esclareça a importância
deste extracto no contexto da respectiva obra.
O SER E
A ESSÊNCIA, São Tomás de Aquino
TEXTO
Se, porém,
se considera [a natureza de] alguma realidade que seja
unicamente existência, de tal modo que essa mesma
existência seja subsistente, esta existência
não receberá a adição de qualquer
discrime, pois que já não seria unicamente
existência, mas existência e além disso
certa dínase [forma]. Muito menos receberá
a adição de matéria, pois já
não seria uma existência subsistente, mas
material. De onde se conclui que tal realidade, que seja
a sua existência, não pode ser senão
uma só. Por conseguinte, exceptuando essa realidade,
em qualquer outra a sua existência tem de ser uma
coisa, e coisa diferente a sua quididade ou essência,
ou dínase. Por conseguinte, nos superespíritos,
além da essência tem de haver existência,
e por isso se afirmou que o superespírito é
essência e existência.
Por outra parte,
tudo o que faz parte de alguma realidade, ou é
causado pelos princípios da sua essência,
como no homem a capacidade de rir, ou advém-lhe
de algum princípio extrínseco, como a luminosidade
no ar a qual [advém] do influxo do Sol. Ora, não
é possível que a mesma existência
seja causada pela própria essência ou quididade
de um ser, quero dizer, [causada] como por causa eficiente,
pois, desse modo, uma coisa seria causa de si mesma e
uma coisa se traria a si mesma à existência,
o que é impossível. Por conseguinte, é
necessário que toda a realidade desta condição,
(...) cuja existência é diversa da sua essência,
tenha existência recebida de outro. E, como tudo
o que existe por outro reverte ao que existe por si, como
à causa primeira, é necessário que
exista alguma realidade que seja para todas as coisas
a causa de existir, pois que ela é unicamente existência.
De outro modo, ir-se-ia ao infinito nas causas, visto
que toda a realidade, que não é unicamente
existência, tem de ter uma causa da sua existência,
como se disse. Consta, pois, que o superespírito
é essência e existência, e que tem
existência recebida do Primeiro Ser, que é
unicamente existência. Este é a causa primeira,
que é Deus.
In Opúsculos
Selectos da Filosofia Medieval,
Braga, Fac. de Filosofia, 1991, pp. 226-227
QUESTÕES
- Explique, a partir do texto, por
que razão só um ente pode ser existência
subsistente.
- Justifique, com base no texto, a
afirmação de que a causa primeira é
unicamente existência.
- Esclareça a importância
deste extracto no contexto da respectiva obra.
REDUÇÃO
DAS CIÊNCIAS À TEOLOGIA, São Boaventura
TEXTO
2. A primeira
luz, que ilumina com respeito às figuras artificiais,
que são como que exteriores ao homem e foram inventadas
para obviar às necessidades do corpo, chama-se
luz da arte mecânica, a qual, por ser de
algum modo servil e por degenerar do conhecimento filosófico,
bem pode chamar-se exterior. E esta luz se distribui pelas
sete artes mecânicas, que assinala Hugo de S. Victor
no Didascálico, a saber: lanifício,
armadura, agricultura, caça, navegação,
medicina e teatro. É aceitável a suficiência
desta divisão, visto que toda a arte mecânica
ou é para recreação ou para comodidade;
ou é para banir a tristeza ou a indigência;
ou é útil ou deleita (...).
Se é para
recreação e deleite, temos o teatro,
que é a arte dos espectáculos, contendo
toda a espécie de divertimentos, quer nos cânticos,
quer nos instrumentos musicais, quer nas representações
cénicas, quer nos movimentos rítmicos do
corpo. Se a arte mecânica se dirige, porém,
à comodidade ou utilidade do corpo, isto pode referir-se
quer ao vestuário, quer à alimentação,
quer a ambas as coisas simultaneamente. Se se refere ao
vestuário, este ou é feito de matéria
macia e suave, e assim temos o lanifício;
ou de matéria dura e forte, e assim temos a armadura
ou arte fabril, a qual compreende toda a armadura fabricada,
seja de ferro ou de qualquer outro metal, seja de pedra
ou de madeira.
Mas, se a arte
mecânica se aplica à alimentação,
podem ocorrer dois casos, uma vez que nos alimentamos
de vegetais e de animais. A que se refere aos alimentos
vegetais é a agricultura; a relativa aos
alimentos animais é a caça. Ou,
de outra maneira: se a arte mecânica se aplica à
alimentação, pode fazê-lo de dois
modos: ou contribui para a produção e multiplicação
dos alimentos, e então é agricultura; ou
para a variada preparação dos mesmos, e
assim é caça, a qual abrange todas as formas
de preparar as comidas, as bebidas e os sabores, o que
é da competência dos padeiros, dos cozinheiros
e dos taberneiros. Contudo, esta arte mecânica recebe
só a denominação de uma das suas
partes, por causa duma certa excelência e preeminência.
Se arte mecânica
for, porém, de auxílio para ambas, poderá
efectuá-lo duplamente: ou suprindo as suas deficiências,
tal é a navegação, na qual
está incluída toda a mercadoria, já
respeitante ao vestuário, já à alimentação;
ou removendo obstáculos e danos, o que é
próprio da medicina, quer consista na
confecção de xaropes, poções
ou unguentos, quer na cura das feridas ou na amputação
dos membros, o que incumbe à cirurgia. Quanto à
arte do teatro, essa é única no seu género.
E assim se põe de manifesto a suficiência
da divisão das artes mecânicas.
Coimbra, Atlântida,
1970, pp. 20-22
QUESTÕES
- Explicite a caracterização
da luz da arte mecânica apresentada no texto.
- Exponha, com base no texto, de que
forma a arte mecânica desempenha a função
de comodidade.
- Esclareça a importância
deste extracto no contexto da respectiva obra.
GRUPO
II
- Seleccione apenas uma das
obras que lhe são propostas e desenvolva
o tema anexo.
- Apresente um plano organizador.
- A não identificação do
tema e da obra implicará uma pontuação
de O (zero) pontos.
- A opção por um par obra-tema
diferente dos que são apresentados na prova
implicará uma pontuação de
O (zero) pontos.
- Na sua resposta deverá utilizar aproximadamente
80 linhas (cerca de 640 palavras).
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TEMAS |
PRINCÍPIOS DA FILOSOFIA, R. Descartes |
O dualismo alma-corpo |
CARTA SOBRE A TOLERÂNCIA, J. Locke |
Estado e Igreja |
DISCURSO DE METAFÍSICA, G. W. Leibniz |
A natureza das substâncias individuais |
FUNDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES,
I. Kant |
Moral e autonomia |
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA FILOSOFIA,
G. W. F. Hegel |
Filosofia e conhecimento racional |
TENDÊNCIAS GERAIS DA FILOSOFIA NA SEGUNDA
METADE DO SÉCULO XIX, Antero de Quental |
A natureza do pensamento filosófico |
A ORIGEM DA TRAGÉDIA, F. Nietzsche |
Homem trágico e homem teórico |
DA CERTEZA, L. Wittgenstein |
Aprendizagem e sistemas de crenças |
ELOGIO DA FILOSOFIA, M. Merleau-Ponty |
Concepção de filosofia |
OS PROBLEMAS DA FILOSOFIA, B. Russell |
O valor da filosofia |
PROBLEMÁTICA DA SAUDADE & ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
DA CONSCIÊNCIA SAUDOSA, Joaquim de Carvalho |
Saudade e universalidade |
SOBRE A ESSÊNCIA DA VERDADE, M. Heidegger |
A verdade na tradição |
TEORIA DA INTERPRETAÇÃO, P. Ricoeur |
A fixação do discurso na escrita |
F I M
COTAÇÕES
GRUPO I |
1. e 2. |
(2
x 25 pontos) |
50 pontos |
3. |
(1 x 70 pontos) |
70 pontos |
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GRUPO II |
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|
(1
x 80 pontos) |
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TOTAL |
200 pontos |
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