Ditos e ditotes Ele há cada um... Filósofo... em PESSOA
Maledicências... 
O mocho
Página inicial
Ameaças de filósofos Outros cantos Com prazo de validade Ciberfilosofias Lexicon

 

Miguel Torga

17/Jan/2003: passaram 8 anos sobre a morte de Miguel Torga -- pretexto para incluirmos nos destaques o grande escritor português.
3 poemas de
MIGUEL TORGA
     

 

SANTO E SENHA

Deixem passar quem vai na sua estrada.
Deixem passar
Quem vai cheio de noite e de luar.
Deixem passar e não lhe digam nada.

Deixem, que vai apenas
Beber água de Sonho a qualquer fonte;
Ou colher açucenas
A um jardim que ele lá sabe, ali defronte.

Vem da terra de todos, onde mora
E onde volta depois de amanhecer.
Deixem-no pois passar, agora

Que vai cheio de noite e solidão.
Que vai ser
Uma estrela no chão.

(1932)

 

 

 

 

PEDAGOGIA

Brinca enquanto souberes!
Tudo o que é bom e belo
Se desaprende...
A vida compra e vende
A perdição.
Alheado e feliz,

Brinca no mundo da imaginação,
Que nenhum outro mundo contradiz!

Brinca instintivamente
Como um bicho!
Fura os olhos do tempo,
E à volta do seu pasmo alvar
De cabra-cega tonta,
A saltar e a correr,
Desafronta
O adulto que hás-de ser!

(1960)

QUEIXA

Vida!
Que te pedi a mais
Que um mortal não mereça?
Ou queres que nenhum filho
Conheça
A plenitude?
Pude
O que me consentiste.
Mas vou triste
Do mundo.
Cavei,
Cavei,
E abri um poço sem chegar ao fundo.

(1988)

 


De/sobre Torga o Canto tem ainda:
Dois outros poemas (Instrução Primária e Fábula da fábula) e um verbete no Lexicon

O mocho
Página inicial d'
O Canto
da Filosofia
Destaques


FC - LinkExchange