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Em
música: cada uma das partes em que se divide um compasso.
1. "O TEMPO pusera-se a contar os dias desde o princípio, agora usando a tábua de multiplicação para recuperar o atraso, e com tanto acerto o fez que o Sr. José já tinha outra vez cinquenta anos quando chegou a casa. Quanto à criança lacrimosa, essa só estava uma hora mais velha, o que demonstra que o tempo, ainda que os relógios queiram convencer-nos do contrário, não é o mesmo para toda a gente." (José Saramago - Todos os Nomes, p. 46-47. Sublinhados meus).
2. "E POR VEZES
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos"
(David Mourão-Ferreira - Obra Poética, p. 269. O soneto está incluído no disco Monumento de Palavras, gravado pelo próprio poeta e encontra-se disponível na secção de Poesia Portuguesa do "site" O Retiro das Artes.)
3. "A vida tem na aldeia um ritmo
que a cidade nunca poderá entender. Cada compasso, aqui, dura um
ano certo. Porque se mata o porco só pelo Natal, se os salpicões
ficam salgados passam-se trezentos e sessenta e cinco dias a repetir:
-- Os salpicões ficaram salgados.
A correcção apenas se poderá fazer
no ano seguinte.
Cada semente que a mão lança à terra,
cada árvore enxeertada, cada lagar de vinho, prendem o homem a um pelourinho
de expiação,de doze meses. Desde que haja engano numa realização,
só na próxima sementeira, época ou colheita se poderá
retomar a liberdade, para de novo semear, enxertar e pisar -- e apagar da
própria alembrança e da dos vizinhos o erro vital cometido."
(Miguel TORGA - Diário IV, p.142-143)
4. O RELÓGIO
(adereço conceptual para usar no pulso)
Para-me um tempo por dentro
Passa-me um tempo por fora
O tempo que foi constante
no meu contratempo estar
passa-me agora adiante
como se fosse parar
Por cada relógio certo
no tempo que sou agora
há um tempo descoberto
no tempo que se demora.
Fica-me o tempo por dentro
passa-me o tempo por fora.
(Poema de Ary dos Santos - Adereços, Endereços. Ilustração: Salvador Dali - A persistência da memória).
||| "O tempo irreversível, o que não volta", um "tempo à escala humana não se reflecte nos mitos, mas nas tragédias: e, por certo, nas obras dos historiadores." (O meu dicionário filosófico, p. 80).
||| Ler ainda um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen: Tempo.
||| Citação: "Pouca teologia, hein?, Pouca teologia; religião, religião" [conselho de Lázaro ao novo pároco de Valverde de Lucerna. Ver texto A transcendência no romance São Manuel Bom, Mártir de Miguel de Unamuno].
||| "Todo o sistema de ideias, caracterizado
por um certo conjunto básico (mas refutável) de hipóteses
peculiares, e que procura adequar-se a uma classe de factos, é uma
teoria" (texto O conhecimento científico)
||| Ver Coerência e Completude.
||| Num dos seus capítulos, o livro A ciência
tal qual se faz responde à pergunta O que é uma teoria
física?
||| Em Um paradigma filosófico -- o método
adversarial, Janice Moulton defende que as teorias científicas
incorporam valores, porque advogam uma forma
de descrever o mundo em detrimento de outras, e que mesmo as observações
de facto são feitas a partir de algum
ponto de vista ou teoria sobre o mundo, já pressuposta. Ver
ainda observações sobre os modos como Popper
e Kuhn explicam a substituição de
uma teoria científica por outra.
"Chama-se teoria do conhecimento a um conjunto de especulações que têm por fim determinar o valor e os limites dos nossos conhecimentos" (A. REY - Psychologie et Philosophie). Trata-se de explicar e interpretar os problemas que decorrem de uma análise fenomenológica do conhecimento. Problemas que Hessen (no livro Teoria do conhecimento) agrupa em cinco problemas particulares: as questões da possiblidade do conhecimento, da origem do conhecimento, da essência do conhecimento, das espécies do conhecimento e do critério de verdade.
||| Para distinguir teoria do conhecimento de fenomenologia do conhecimento, ver o verbete fenomenologia do conhecimento.||| N'O Canto pode ler um poema de amor de Teresa de Ávila: Vivo sin vivir en mí. (um pretexto para a reflexão sobre o misticismo).
||| No texto O Túmulo de Saint Exupéry (com que o Canto comemorou o 1º centenário do nascimento do autor), referem-se as circunstâncias em que a obra nasceu e a sua importância na renovação dos géneros convencionais da narrativa.
||| Para outras informações, ver a notícia da representação, em Lisboa, da tragédia Tiestes -- ou a página Atreus vs. Tiestes.
» | A tolerância (capítulo de Pequeno Tratado das Grandes Virtudes de A. Comte-Sponville). |
» | Limitando a tolerância (um texto do aluno Márcio Nobre que reflecte sobre aspectos da Carta sobre a Tolerância de J. Locke) |
» | o verbete Espinosa (a religião, garante do espírito de tolerância); |
» | o índice dos recursos relativos ao programa de Filosofia do 12º ano (que inclui a análise da Carta sobre a tolerância de J. Locke); |
» | o texto (em espanhol -- mas há também versões inglesa e francesa) Una búsqueda universal de tolerancia (da Unesco), de que o Canto publicou uma tradução, incluída num dossier com o título Tolerância; |
||| Tomás de Aquino propõe o 40º dia de gravidez como a data para a chegada da alma ao corpo (ver o texto Os critérios biológicos da presença de uma pessoa humana).
Recordámos Torga aquando do 8º aniversário da sua morte -- transcrevendo 3 dos seus poemas (Santo e Senha, Pedagogia e Queixa). O Canto tem ainda mais 2 poemas seus: Instrução primária e Fábula da fábula. O Lexicon tem uma citação de Torga sobre Henry Miller e uma outra sobre o Tempo.
||| Os heróis trágicos de Ésquilo
e Sófocles consubstanciam, segundo
Nietzsche, a consciência heróica
do Super-Homem (verNietzsche,
um filósofo actual).
||| Ver também Tempo.
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(Em redacção).
Obra de Voltaire (dados bibliográficos) |
||| Ver Cantigas.
[Actualização
a 03/06/28]
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