LEXICON 

VOCABULÁRIO DE FILOSOFIA (ou quase...) 

Coordenação de  A.R.Gomes 


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CONHECIMENTO

 

O conhecimento é a apreensão de qualquer "coisa" por meio do pensamento e a capacidade de tornar presente ao pensamento "aquilo" que se apreendeu.

A teoria do conhecimento é uma disciplina filosófica cujo objectivo é a explicação ou interpretação do conhecimento (humano). Aí se analisam questões como Que é conhecer?, É possível o conhecimento?, etc..

Na obra Teoria do Conhecimento (p. 20), o autor J. Hessen distingue a teoria do conhecimento da lógica, afirmando que, se "a lógica pergunta pela correcção formal do pensamento, isto é, pela sua concordância consigo mesmo, pelas suas próprias formas e leis, a teoria do conhecimento pergunta pela verdade do pensamento, isto é, pela sua concordância com o objecto. Portanto, pode definir-se também a teoria do conhecimento como a teoria do pensamento verdadeiro, em oposição à lógica, que seria a teoria do pensamento correcto".

Nessa obra (p. 25-26) observa-se ainda: "Uma exacta observação e descrição do objecto devem preceder qualquer explicação e interpretação. É necessário, pois, no nosso caso, observar com rigor e descrever com exactidão aquilo a que chamamos conhecimento, esse peculiar fenómeno da consciência. Fazemo-lo, procurando apreender os traços gerais essenciais deste fenómeno, por meio da auto-reflexão sobre aquilo que vivemos quando falamos do conhecimento. Este método chama-se fenomenológico e é distinto do psicológico. Enquanto que este último investiga os processos psíquicos concretos no seu curso regular e a sua conexão com outros processos, o primeiro aspira a apreender a essência geral no fenómeno concreto".

Os textos Descrição fenomenológica do acto de conhecer (de N. Hartmann) e Dualismo sujeito/objecto no acto de conhecimento fazem esta análise fenomenológica do acto de conhecer.

Estrutura do acto de conhecer; a questão da dicotomia sujeito/objecto é a designação de uma rubrica da UNIDADE EPISTÉMICO-ONTOLÓGICA : A PROBLEMÁTICA DO CONHECER E DO SER do programa de Introdução à Filosofia do 11º ano (ano lectivo 2001/02). Descrição fenomenológica do acto de conhecer (de N. Hartmann) é um dos textos de apoio a essa rubrica
Conhecimento e crença: ver o Górgias de Platão
Em Potenciar a razão, Fernando Savater distingue informação de conhecimento. No livro As Perguntas da Vida (p. 18), distingue 3 níveis de entendimento: a informação ("que nos apresenta os factos e os mecanismos primários do que acontece"), o conhecimento ("que reflecte sobre a informação recebida, hierarquiza a sua importância significativa e procura princípios gerais para a ordenar") e a sabedoria ("que liga o conhecimento com as opções vitais ou valores que podemos escolher, tentando estabelecer como viver melhor de acordo com o que sabemos")
Segundo Kant "o que chamamos conhecimento é uma combinação do que a realidade nos traz com as formas da nossa sensibilidade e as categorias do nosso entendimento. Não podemos captar as coisas em si mesmas mas apenas como as descobrimos através dos nossos sentidos e da inteligência que ordena os dados oferecidos por eles. Isto significa que não conhecemos a realidade pura mas apenas como é o real para nós. O nosso conehcimento é verdadeiro mas não chega senão até onde lhe permitem as nossas faculdades. Daquilo do qual não recebemos a informação suficiente através dos sentidos -- que são os que se encarregam de trazer a matéria-prima do nosso conhecimento -- não podemos saber absolutamente nada, e quando a razão especula no vazio sobre absolutos como Deus, a alma, o Universo, etc., confunde-se em contradições irresolúveis. O pensamento é abstracto, isto é, procede baseando-se em sínteses sucessivas a partir dos nossos dados sensoriais. Sintetizamos todas as cidades que conhecemos para obter o conceito de 'cidade' ou a partir das mil formas imagináveis de sofrimento chegamos a obter a noção de 'dor', reunido os traços intelectualmente relevantes do diverso. À partida, pensar consiste em voltar a descer da síntese mais longínqua aos dados particulares concretos até aos casos individuais e vice-versa sem perder nunca o contacto com o experimentado nem nos limitarmos apenas à esmagadora dispersão das suas circunstâncias particulares." (Fernando Savater - As Perguntas da Vida, p. 58-59)

[Actualização a 02/01/24]
 
mocho, símbolo da Filosofia

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