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Aqui serão divulgados textos de apoio à disciplina de Introdução à Filosofia, prevendo-se particular relevo para o 10º ano. 

 

 

 

A MORTE E O CONSUMO 
A opinião de Henrique Jorge, despoletada por (e discordante de) um texto de Octavio Paz, que se transcreve noutro local de Com Prazo de Validade.

"A morte, na sociedade de consumo dos nossos dias, é raramente algo mais do que a conclusão inevitável de um processo natural. Num mundo de factos, a morte é apenas mais um. Mas porque é um facto tão desagradável e contrário a todos os nossos conceitos, a filosofia do progresso ainda reinante pretende fazer desaparecer a morte, tal como o mágico faz desaparecer a moeda." (Octavio Paz)

Eu não acho que isto seja assim! Primeiro penso que não vivemos num mundo de factos, mas de representações, onde a morte é uma excepção. Uma excepção porque é das poucas coisas onde a realidade se impõe. É o tal momento verdadeiro, no meio de um universo falso.

É provável que a "filosofia do progresso" pretenda fazê-la desaparecer, mas é um esforço inglório. O que se passa não é uma ocultação da morte porque essa ocultação seria inútil, trata-se de a manobrar como uma omnipresença de que não se fala ou de que se fala pouco. Contudo, com consumismo ou sem ele, com mais ou menos espectáculo, "El sentimiento trágico de la vida en los hombres y en los pueblos"(Unamuno) impõe-se sem apelo nem agravo. Mesmo que não se fale dela ela está presente e impõe-se à própria vida em múltiplos pormenores, mais ou menos visíveis.

É assim mesmo que a vejo, quer seja em mim, quer no caso das pessoas "distraídas". Nunca a poderei classificar como "um facto desagradável e contrário a todos os nossos conceitos". Não! A morte pode ser confundida com muita coisa de desagradável, mas nunca pode ser reduzida a apenas isso e, muito menos, com este carácter quase episódico definido por Octavio Paz.

Não há espectáculo ou representação -- porque é isso que marca a sociedade consumista -- que consiga eliminar o absurdo resultante da tomada de consciência de nós próprios, confrontada com a ideia de fim. Isto, até ao momento, que eu me tenha apercebido, nunca foi possível escamotear. 

(Henrique Jorge)
 
 
 
 
O canto da Filosofia 
 
Ditos e ditotes Ele há cada um... Filósofo... em PESSOA Maledicências...  O canto da Filosofia é um projecto de António R. Gomes
a tratar graficamente por Eduardo Ferrão,
disponibilizado graças a Terràvista.
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