INTRODUÇÃO À FILOSOFIA - 10º ano
Visão geral do programa

A DINÂMICA DO SER HUMANO NO MUNDO;
A ACÇÃO E A QUESTÃO DOS VALORES

Unidade histórico-problemática
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OS VALORES

  • Facto e valor
  • Historicidade e perenidade dos valores
  • Os valores no mundo contemporâneo: as novas polarizações

 

[Este é a segunda rubrica da 2ª unidade temática (A dinâmica do ser humano no mundo e a questão dos valores) do programa de Introdução à Filosofia do 10º ano].


DO PROGRAMA

A "distinção entre facto e valor permite não só a análise da noção de valor e das suas características estruturais mas a referência, entre outras, a questões como a da natureza, objectividade e subjectividade dos valores. Por outro lado, a tematização da perenidade e historicidade dos valores conexiona-se com uma pluralidade de outras tais como a de critérios valorativos, absolutividade e relatividade, equivalência e hierarquia que poderão permitir a passagem à exploração do tema da crise dos valores, hoje.

Num momento da revisão de fundamentos e de justificações, de gestação de novas concepções acerca do ser humano, da existência, do mundo e da vida, emergem novas polarizações que interpelam aporeticamente todo o campo dos valores. Estabelecida a base teórica indispensável, é possível então proceder à análise da conflitualidade axiológica actual e da mudança de sinal das cargas valorativas. Apelando para situações concretas da vida quotidiana, o professor poderá referir algumas dessas novas polarizações de que, a título de exemplo, se enunciam as seguintes:

super-industrialização / inquietação ecológica
uniformização cultural / direito à diferença
trabalho / lazer
progresso científico / nostalgia mítica
eficácia / criatividade."

ALGUMAS IDEIAS
  1. Um facto é uma realidade constatável ou um acontecimento susceptível de ser atestado por várias pessoas: coisas, pessoas, acontecimentos, instituições... Formulamos um juízo de facto [esclareça o conceito de juízo] quando descrevemos aquilo que vemos, ouvimos, sabemos: por ex., "Garfield é um gato". Mas, ao afirmar "O meu vizinho é simpático", formulei um juízo de valor.

  2. "Reconhecer um certo aspecto das coisas como um valor consiste em tê-lo em conta na tomada de decisões ou, por outras palavras, em estar inclinado a usá-lo como um elemento a ter em consideração na escolha e na orientação que damos a nós próprios e aos outros" (Simon Blackburn - Dicionário de Filosofia -- elementos bibliográficos aqui). Os valores dependem das relações que as coisas a que são atribuídos têm com a pessoa que os atribui: o pôr do sol é belo porque me agrada.

  3. Portanto, um valor não é uma qualidade que pareça estar no objecto como a cor está na tela: não se olha a beleza de uma paisagem -- olha-se a paisagem e é a maneira de olhar que revela a beleza (Ruyer). Ou seja: os valores não são qualidades sensíveis das coisas (como a cor, por ex.) -- embora as propriedades valiosas estejam baseadas nas qualidades das coisas. Os valores também não são objectos (relógios, livros...) -- embora atribuamos valor às coisas. Os valores não são ideias (como, por ex., os objectos matemáticos: a recta, o triângulo...).

  4. Os valores são bipolares (contrapõem-se num pólo positivo e num pólo negativo: verdade/falsidade; justiça/injustiça...) e hierarquizáveis (subordinam-se uns aos outros: uns valem mais do que outros. A justiça, por ex., vale mais do que a elegância). [sobre estas características, pode ler Ensaios sobre o Progresso de Manuel García Morente).

  5. Para os filósofos essencialistas ou substancialistas o conteúdo dos valores é absoluto e imutável (o que é relativo é o nosso conhecimento dos valores, este, sim, variável conforme as épocas históricas, as culturas...). As correntes relativistas, pelo contrário, recusam o carácter absoluto e objectivo dos valores, afirmando a sua historicidade: dependem dos contextos culturais, das épocas e dos indivíduos concretos que os produzem. Segundo este ponto de vista, afirma Raymond Ruyer: "Todo o valor é 'valor para alguém'".

  6. "Os que vêem os valores como «subjectivos» consideram esta situação em termos de uma posição pessoal, adoptada como uma espécie de escolha e imune ao argumento racional (embora, muitas vezes, e curiosamente, merecedora de um certo tipo de reverência e de respeito). Os que concebem os valores como algo objectivo supõem que, por alguma razão — exigências da racionalidade, da natureza humana, de Deus ou de outra autoridade —, a escolha pode ser orientada e corrigida a partir de um ponto de vista independente" (Simon Blackburn, ob. cit.)

  7. Como exercício de reflexão sobre as correntes filosóficas referidas nas alíneas anteriores, fundamente uma resposta pessoal à questão "desejamos as coisas porque elas valem ou as coisas valem porque as desejamos?".

  8. Propõe-se uma pesquisa subordinada às questões
    • quais os valores do mundo actual?
    • a crise de valores que estamos a viver actualmente significará uma transformação dos valores ou uma decadência dos valores?
    • que novos problemas criam (e que novos valores supõem) o desenvolvimento industrial (problemas no meio ambiente, por ex.), os novos meios de comunicação, a globalização...?

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©Jan-Fev/2003

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