DO PROGRAMA
Da designação
desta unidade e do título que lhe foi atribuído,
destaca-se a função que para ele é
proposta: constituir-se como uma primeira abordagem
a todo o Programa e, simultaneamente, como um primeiro
encontro com uma área até aqui desconhecida
dos alunos. Assim, constitui-se como polarizador de
motivações e descobertas mais do que de
conteúdos e assume-se como ocasião de
abertura e desocultação de temas e problemas
que, ao longo dos dois anos de ensino-aprendizagem da
Filosofia, irão sendo progressiva e metodicamente
explorados.
Nada mais se propõe, no início
dos estudos secundários de Filosofia, que um
convite a uma primeira distanciação face
à realidade experiencial na qual o aluno está
imerso sem que muitas vezes se dê conta, a uma
primeira organização dos conhecimentos
e experiências que até então pôde
adquirir, a uma primeira descoberta de novas perspectivas
sobre o que aprendeu em história, em ciências,
em literatura, num esforço de integração
e reflexão.
Pretende-se que o aluno descubra que as
questões filosóficas brotam do próprio
campo da experiência vivida e interpelem essa
mesma experiência. Assim, do ponto de vista metodológico,
propõe-se um caminho que vai gradualmente do
"vivido ao pensado", do concreto ao abstracto,
do prático ao especulativo, do óbvio ao
problemático, do aceite ao questionável,
caminho que a organização sequencial da
unidade pretende tornar efectivo. Além disso,
esta primeira unidade propicia a descoberta de uma intenção
filosófica que se articula com todos os domínios
da experiência e do saber, desde os mais directamente
mergulhados nela até aos mais alta e complexamente
organizados como a Ciência, intenção
filosófica que se configura e autonomiza no campo
próprio da Filosofia.
PORTANTO...
A questão central desta unidade
é O que é a filosofia? [embora
seja abordada sobretudo no 3º tema (O
lugar da Filosofia), é possível ler
já algumas ideias sobre essa questão no
texto O que é
a filosofia?].
 Sendo
um tipo de saber, a filosofia (como os restantes saberes)
tem como subsolo a experiência humana --
o contacto/a relação com o nosso meio
(físico e humano) envolvente.
[ O que é a experiência?]
Entre os saberes
que decorrem da experiência há uns que
se distanciam dela mais do que outros: é clara
a distinção entre, por ex., saber que
(está a chover, por ex.) e saber porquê
(está a chover). [Assim, propõe-se uma
classificação dos saberes em dois grandes
grupos: saberes experienciais e saberes mais
elaborados].
Há um tipo
de saber que, nascendo da nossa vida prática,
nos serve para organizar essa vida. É, portanto,
um saber utilitário, imediato, empírico,
que se exprime nos ditados, nos provérbios, em
histórias populares... É frequentemente
designado por senso comum.
A comunicação
das experiências pessoais e a transmissão
dos saberes é possibilitada (e condicionada)
pela linguagem. Essa linguagem pressupõe
princípios, regras (regras lógico-gramaticais)...
...ideias desenvolvidas
em DO VIVIDO AO PENSADO
O Homem não
se satisfaz com aquele saber que tem origem no imediatamente
vivido (com o senso comum), por mais útil que
ele seja. Embora o senso comum requeira uma organização
da experiência, há saberes que exigem maior
rigor e sistematização: a Arte,
a Ciência, a Política e o
Direito...
desenvolvimento
em A CONSTRUÇÃO
CONFIGURADORA DA EXPERIÊNCIA
...e a Filosofia.
(E voltamos à questão inicial: o que é
a Filosofia? que valor/utilidade tem?)
desenvolvimento
em O LUGAR DA FILOSOFIA
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