DO PROGRAMA
No percurso que o Programa procura delinear,
a 2ª rubrica traduz uma mudança de perspectiva
e uma maior aproximação a temáticas
já do domínio filosófico, anunciadas
e preparadas pela rubrica anterior.
Mantendo a experiência como horizonte de referência,
este ponto visa uma análise, ainda que incipiente
mas já minimamente rigorosa, de alguns grandes
planos em que ela é reconstruída e configurada.
Sem dúvida que o conhecimento científico
abre um espaço importante para a reflexão,
mas outras dimensões da experiência, na
multiplicidade dos seus âmbitos, reclamam também
uma consideração filosófica. É
o que acontece com a experiência estética,
em todas as suas formas e expressões, que constitui
uma das vivências essenciais do ser humano, quer
individual quer historicamente considerada. Artes da
imagem como a fotografia, a pintura e o cinema, artes
da palavra como a literatura ou o teatro, artes do som
e do movimento como a música e a dança,
revelam uma transfiguração da experiência
que simultaneamente a retoma e a reconstrói,
quer no plano da racionalidade quer no da criatividade.
Tal como a experiência estética,
a experiência convivencial impõe-se como
um dos campos significativos da existência, uma
vez que a sociedade constitui o elemento de possibilidade
da vida humana e surge perante ela simultaneamente como
uma condicionante e um desafio. Mais não se pretende
aqui do que problematizar o modo como os dois grandes
domínios da vida em sociedade -- o Direito e
a Política -- ordenam e enquadram as relações
entre as pessoas e as instituições. Problemas
como a natureza e a função das leis, a
legitimidade da autoridade política permitem
delimitar o campo teórico em que se escoram alguns
referenciais éticos da reflexão actual
tais como direitos humanos, democracias e minorias,
supra nacionalidade e regionalização,
enunciados a título meramente indicativo e propedêutico,
visto que, dado tratar-se de temas em que a problemática
dos valores é fundamental, serão desenvolvidos
na unidade II.
A ordem pela qual os dois planos de construção
da experiência aqui são referidos não
releva de nenhum pressuposto de natureza valorativa
nem de nenhuma opção teórica mas
resulta, apenas, de uma preocupação motivacional
de aprendizagem.
Ao introduzir uma reflexão inicial
sobre a ciência pretendeu-se salientar o "estatuto"
com que o saber científico se constitui na racionalidade,
não havendo lugar aqui para um tratamento epistemológico.
Deverá antes apelar-se para uma reflexão
integradora dos conhecimentos e das performatividades
de que os alunos já dispõem em relação
às diversas ciências com as quais tomaram
contacto no desenvolvimento do seu plano curricular.
Salientar a não espontaneidade da ciência,
distinguir entre o dado e o construído, realçar
o continuado esforço de apreensão e racionalização
do real como uma conquista humana sempre em aberto,
podem constituir-se como pistas de abordagem a este
nível.
O caminho traçado, do imediato
e do vivido, até aos níveis superiores
de elaboração racional, facilitará
uma aproximação ao campo específico
da Filosofia.
REVISÕES
-
A arte como transfiguração
da experiência
"A arte é transfiguração:
à paisagem, às situações,
às pessoas, às coisas, aos gestos,
a arte acrescenta uma nova dimensâo que
nâo estava nelas mas residia no olhar,
na alma do artista. A realidade imediata e banal
é revista, recriada, reconfigurada --
sem que isso seja uma simples reprodução
-- mesmo naquelas artes que parecem estar mais
próximas da realidade perceptivel, como
a fotografia e o cinema" [Maria Florinda
ALBERGARIA; M. Isabel Chorão AGUIAR -
Introdução à Filosofia
10, p. 74 (elementos bibliográficos
aqui)].
-
Para ser Homem, o Homem precisa de conviver;
precisamos uns dos outros
biologicamente (nascemos sem os
meios de poder sobreviver sozinhos),
afectivamente (necessitamos do carinho
dos outros, do seu afecto, dos seus estímulos...),
intelectualmente (é no contacto
social que desenvolvemos capacidades como
a imaginação ou apreendemos
valores).
Por isso faz todo o sentido afirmar que o
Homem é um animal
político -- um ser por natureza
destinado a viver na polis.
O Direito nasce
da necessidade de regular o exercício
das liberdades (individuais) nessa vida em
sociedade, de estabelecer o equilíbrio
possível entre os interesses, por vezes
antagónicos, das várias forças
que se geram no interior dos grupos sociais.
||| Leia os
verbetes (do Lexicon) Política
e Direito.
-
A ciência:
uma construção racional e técnica
||| No verbete Ciência
do Lexicon encontra algumas ideias sobre
o tema, bem como hiperligações para
outras páginas
||| O texto O
conhecimento científico caracteriza
a ciência como um modo de conhecer fáctico,
especializado, claro e preciso, verificável,
metódico, sistemático, geral, legislador,
explicativo, preditivo, aberto. O texto Características
do conhecimento científico apresenta
a ciência como um conhecimento objectivo,
positivo, racional, revisível e autónomo.
|