PROVA 114
EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO
12.° Ano de Escolaridade (Decreto-Lei n.° 286/89, de 29 de Agosto)
Cursos Gerais - Agrupamentos 3 e 4
Duração da prova: 120 minutos
1.ª FASE
2003
1.ª CHAMADA
PROVA ESCRITA DE FILOSOFIA
[Prova]

COTAÇÕES E CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO

    A INDICAÇÃO DO NÚMERO DE LINHAS/PALAVRAS VISA APENAS ORIENTAR O ALUNO RELATIVAMENTE AO GRAU DE DESENVOLVIMENTO DA RESPOSTA, PELO QUE NÃO SE PROPÕE QUALQUER PENALIZAÇÃO PARA O NÃO CUMPRIMENTO DESSA INDICAÇÃO.

 

Por ser um texto demasiado grande, dividimos os critérios em dois ficheiros, de acordo com os grupos de questões. Aqui trata-se o 2º grupo, mas pode aceder a ambos através do menu seguinte:

Grupo I

Grupo II


        GRUPO II

        CRITÉRIOS
        PONTUAÇÃO
        Plano prévio -- estrutura e adequação
        8 pontos
        Selecção correcta dos conhecimentos para desenvolver o tema escolhido
        20 pontos
        Apropriação pessoal dos conhecimentos e apreciação do modo como o tema foi tratado pelo autor, na obra
        10 pontos
        Coerência lógica da resposta
        20 pontos
        Utilização precisa da terminologia filosófica
        10 pontos
        Correcção da expressão escrita
        12 pontos
        TOTAL
        (1x 80) = 80 pontos
        TOTAL DO GRUPO ii
        80 pontos
  • Se o aluno não identificar a obra e não resultar óbvio do seu texto a que obra se está a areferir, ou se esscolher um par obra-tema diferente dos indicados, a pontuação será de O (zero) pontos.
  • A inadequação da aresposta à questão implica uma pontuação de 0 (zero= pontos.

 

Dado o objectivo deste grupo serão de aceitar respostas diversificadas, desde que se reportem a um dos pares obra-tema indicados na prova e revelem uma selecção adequada dos conhecimentos da obra e um psoicionamento crítico.

 

Tópicos de conteúdo:

         

PRINCÍPIOS DA FILOSOFIA, R. Descartes
TEMA: O dualismo alma-corpo

      A alma enquanto substância inteiramente distinta do corpo.
      O conceito de substância: as substâncias criadas, sejam elas imateriais ou corpóreas, podem existir sem o auxílio de qualquer outra coisa criada. Só nos apercebemos das substâncias através dos seus atributos. Embora qualquer atributo de uma substância nos permita detectá-la, cada substância tem um atributo que constitui a sua natureza ou essência, um atributo do qual dependem todos os seus outros atributos. A extensão como atributo essencial da substância corpórea; o pensamento como atributo essencial da substância imaterial. A noção de pensamento abrange tudo o que ocorre em nós, de tal maneira que o notamos por nós próprios: compreender, querer, imaginar, sentir.
      Do cogito ao dualismo alma-corpo: o conhecimento que temos da nossa própria alma, para além de preceder o conhecimento que temos do corpo, é mais certo do que este - conhecemos melhor as substâncias em que detectamos um maior número de propriedades, sendo certo que encontramos mais propriedades no nosso pensamento do que em qualquer outra coisa.
      O primado antropológico da alma: a nossa natureza é essencialmente mental.


CARTA SOBRE A TOLERÂNCIA, J. Locke
TEMA: Estado e Igreja

      O Estado é uma sociedade humana constituída unicamente com o fim de conservar e promover os bens civis (vida, liberdade, integridade e protecção do corpo contra a dor e bens externos - terras, dinheiro, móveis).
      O magistrado civil tem o dever de assegurar, pelas leis, a conservação e a posse de todas as coisas que se relacionam com a vida civil. Para isso, foi dotado, pelos súbditos, com o monopólio da força legítima.
      A soberania do poder civil limita-se e circunscreve-se a conservar e a promover os bens civis e não se estende à salvação das almas.
      A Igreja é uma sociedade livre de homens voluntariamente reunidos para adorar publicamente a Deus, da maneira que julguem ser agradável à divindade, com vista à salvação das almas.
      Ninguém está, por natureza, obrigado a fazer parte de uma dada Igreja. Cada um junta-se livremente à Igreja em que julga que se pratica a verdadeira religião e um culto que agrada a Deus.
      As Igrejas têm leis que estabelecem o tempo e o lugar em que se realizam as assembleias, as condições em virtude das quais os membros são admitidos ou excluídos, e que regulam diversas funções e outras coisas do mesmo género. Estas leis têm por fim e limite o culto público de Deus e, por meio dele, a obtenção da vida eterna.
      As Igrejas não têm qualquer jurisdição sobre os bens civis ou sobre as posses terrenas e não podem, seja porque motivo for, empregar a força, que é da competência exclusiva do magistrado civil. Podem apenas utilizar exortações, admoestações e conselhos para manter os seus membros no dever e, no caso de isso falhar, recorrer à excomunhão.


DISCURSO DE METAFÍSICA, G. W. Leibniz
TEMA: A natureza das substâncias individuais

    A cada substância individual corresponde uma «noção completa», que é especificada pela lista exaustiva dos seus predicados. Identidade dos indiscerníveis: dado que as substâncias se distinguem apenas pelos seus predicados, não podem diferir apenas em número.
    As substâncias são indivisíveis e não possuem uma natureza física ou material. O número das substâncias não aumenta nem diminui naturalmente. Estas só podem começar por criação e desaparecer por aniquilação: é Deus que as conserva e produz continuamente, por uma espécie de emanação.
    Cada substância individual exprime o universo todo à sua maneira. Assim, cada substância reproduz de certo modo o universo e contribui para multiplicar a glória de Deus: exprime, embora confusamente, todos os acontecimentos passados, presentes e futuros. Toda a substância apresenta uma marca da omnipotência e omnisciência de Deus, imitando-o tanto quanto lhe é possível.
    Cada substância é uma espécie de mundo isolado, independente de tudo resto e exterior a Deus. Em rigor, uma substância particular nunca actua sobre outra. A aparente actuação entre substâncias é explicada pela harmonia preestabelecida por Deus.


FUNDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES, I. Kant
TEMA: Moral e autonomia

    O exame da moral comum esclarece as condições do mérito moral, as noções de boa vontade e de dever. Nesse primeiro esclarecimento, a ideia de autonomia está apenas implícita, como ideia de que o mérito moral reside na independência do sujeito em relação aos seus próprios interesses, inclinações e circunstâncias.
    A explicitação do princípio da autonomia produz novos esclarecimentos: na experiência do dever, a oposição entre universalidade e particularidade é explicada como oposição entre autonomia (pura determinação racional) e heteronomia (sujeição a móbeis sensíveis); a relação entre obrigante e obrigado é explicada pela posição do sujeito como legislador e membro do reino dos fins. A acção moral despojada de fins concretos ganha uma finalidade - o ideal do reino dos fins.
    O princípio da autonomia é a via para a fundamentação da moral: o conceito positivo de liberdade.


INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA FILOSOFIA, G. W. F. Hegel
TEMA: Filosofia e conhecimento racional

    A finalidade da filosofia é a verdade, pelo que não pode ser considerada uma galeria de opiniões (representações subjectivas) e não pode ser subordinada nem à fé autoritária nem à fé pessoal. As divergências entre filosofias não deverão justificar a rejeição nem da filosofia nem da verdade em geral.
    A superação destas falsas representações da filosofia exige a superação do conhecimento intelectivo que, prisioneiro da abstracção, transforma em entidades autónomas os diferentes momentos, aspectos ou figuras em que a realidade se perfaz.
    A perspectiva racional tomará a realidade como um desenvolvimento não linear, conduzido por um princípio interno, um todo que se concretiza em cada um dos seus momentos e lhe dá o seu fim. Compreenderá as diferentes filosofias como momentos do seu desenvolvimento.
    Compreenderá, finalmente, que a realidade como um todo é o processo de auto-realização do espírito e que a filosofia é o consumar dessa realização.


TENDÊNCIAS GERAIS DA FILOSOFIA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX, Antero de Quental
TEMA: A natureza do pensamento filosófico

    A filosofia, tal como o pensamento humano, é eterna mas instável e flutuante, susceptível de progresso e retrocesso. Embora, no fundo, seja sempre igual a si mesma, é continuamente diversa de si mesma nas suas manifestações. Representa o que há de absoluto no pensamento humano e o que há de relativo na consciência que o pensamento humano tem de si mesmo: uma potência infinita e um acto limitado.
    A filosofia alimenta-se das suas próprias dúvidas. Estas permitem não só colocar os grandes problemas, mas também começar a resolvê-los, pois circunscrevem o domínio a investigar. São as dúvidas que tornam a filosofia fecunda.
    Não há uma verdade total e definitiva na filosofia. Uma filosofia definitiva implicaria a imobilidade do pensamento humano. A verdade filosófica é simbólica.
    A filosofia é a equação do pensamento e da realidade num dado momento histórico. A cada período histórico corresponde a sua filosofia. Os diversos sistemas filosóficos existentes em cada período acabam por se complementar, apresentando-se como diferentes modalidades do espírito geral e total desse período. Embora no final de cada período não se atinja uma síntese perfeita do pensamento, regista-se uma tendência para um sincretismo mais ou menos sistemático.
    A ciência e a filosofia complementam-se: a primeira traça o quadro do Universo na sua complexidade fenomenal; a segunda interpreta o significado desse quadro e procura descobrir a chave do «grande enigma».


A ORIGEM DA TRAGÉDIA, F. Nietzsche
TEMA: Homem trágico e homem teórico

    O Uno Primordial como actividade de criação e destruição. O apolíneo e o dionisíaco.
    A ausência de finalidade e o risco do pessimismo.
    Duas maneiras de superar o pessimismo: homem trágico e homem teórico.
    A tragédia como união do dionisíaco e do apolíneo. A tragédia, que permitiu aos gregos acolher e aprovar a terrível verdade do ser, como modelo da sabedoria dionisíaca. Subordinação do princípio da individuação ao pleno acolhimento da vida, mesmo nas suas manifestações mais terríveis.
    A sedução pela aparência apolínea e a submissão ao princípio da individuação geram o homem teórico que domina a cultura ocidental. Optimismo teórico: valorização da abstracção, da universalidade e da causalidade. Identificação da virtude, do saber e da felicidade - enfraquecimento da vida.


DA CERTEZA, L. Wittgenstein
TEMA: Aprendizagem e sistemas de crenças

    A aprendizagem corresponde à formação gradual, socialmente contextualizada, de um sistema de crenças. A experiência ensina-nos certas proposições, mas não isoladamente: ensina-nos um conjunto de proposições interdependentes, que se reforçam mutuamente.
    As nossas proposições empíricas não formam uma massa homogénea. Num sistema de crenças, algumas permanecem inabalavelmente firmes, mas outras são susceptíveis de revisão em graus variáveis. Aquilo que permanece firme não é intrinsecamente óbvio; é aquilo que rodeia as crenças inabaláveis que lhes dá consistência.
    Não aprendemos a prática de formular juízos empíricos através da aprendizagem de regras: os juízos e a sua ligação a outros juízos são-nos ensinados. Aprender é adquirir crenças que tornam possível a emergência de jogos de linguagem. Um jogo de linguagem é algo que se adquire na prática do seu uso: as regras desse jogo não são aprendidas explicitamente. A prática dos jogos de linguagem proporciona toda uma imagem do mundo, que dá consistência a uma dada forma de vida.
    Toda a confirmação ou infirmação de uma hipótese ocorre no interior de um sistema. O sistema não proporciona propriamente um ponto de partida para os nossos argumentos; é antes o elemento onde vivem os argumentos, determinando aquilo que é e aquilo que não é admissível como prova.


ELOGIO DA FILOSOFIA, M. Merleau-Ponty
TEMA: Concepção de filosofia

    A filosofia não consiste em transferir a nossa atenção da matéria para o espírito, nem na constatação intemporal de uma interioridade intemporal. Só há a filosofia de hoje, aquela que eu agora posso pensar e viver.
    Filosofar é descobrir o sentido primeiro do ser, pelo que é necessário assumir a situação humana.
    A filosofia é um sentido em devir, que se constrói a si próprio em acordo e em reacção consigo; uma filosofia é, necessariamente, uma história (filosófica), uma troca entre problemas e soluções, em que cada solução parcial transforma o problema inicial, de modo que o sentido do conjunto não lhe é preexistente.
    A filosofia não é um diálogo do filósofo com a verdade, um juízo superior sobre a vida, o mundo e a história, como se estivesse fora deles - e não pode também subordinar a qualquer instância exterior a verdade reconhecida interiormente.
    A filosofia está no seio da história; não é nunca independente do transcurso histórico. Mas substitui o simbolismo tácito da vida por um simbolismo consciente e o sentido latente por um sentido patente.
    Filosofar é procurar, é afirmar que há algo a ver e a dizer. A filosofia desperta-nos para o que há de problemático em si na existência do mundo e na nossa, de modo que nunca deixamos de procurar uma solução.


OS PROBLEMAS DA FILOSOFIA, B. Russell
TEMA: O valor da filosofia

    A filosofia, pelas dúvidas que coloca, diminui o nosso sentimento de certeza quanto ao que as coisas são e aumenta o nosso conhecimento do que as coisas podem ser; elimina o dogmatismo e mantém viva a nossa capacidade de admiração.
    A contemplação filosófica é uma forma de fugir ao tipo de vida do homem instintivo (fechada no círculo dos interesses privados, na qual há um conflito constante entre a persistência do desejo e a incapacidade da vontade). Ela permite:
    • ver o todo com imparcialidade;
    • alargar os limites do Eu, partindo da grandeza do não-Eu;
    • a participação da mente na infinidade do Universo que contempla;
    • alargar o não-Eu e o Eu que o contempla;
    • libertar o intelecto das coisas pessoais e privadas;
    • atingir o conhecimento impessoal, contemplativo, abstracto e universal;
    • alargar os objectos dos nossos pensamentos e das nossas acções e afecções: a imparcialidade na contemplação é desejo de verdade, na acção é justiça, na emoção é amor universal;
    • sermos cidadãos do Universo, libertos da sujeição a esperanças e temores mesquinhos.

    Assim, o valor da filosofia encontra-se principalmente na incerteza, ,na libertação de objectivos pessoais e limitados e na elevação e união da mente com o Universo, que resulta da contemplação da grandeza desse mesmo Universo.


PROBLEMÁTICA DA SAUDADE & ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA CONSCIÊNCIA SAUDOSA, Joaquim de Carvalho
TEMA: Saudade e universalidade

    O interesse pela saudade é predominante nas épocas em que as «razões de coração» são tão atractivas como as «razões da razão»:
    • o século XIX, enquanto o romantismo dominou a arte e o pensamento, foi o século dos temas saudosistas;
    • o século XVIII, de índole racionalista e iluminista, foi o século em que a nacionalidade abstracta, universalista e impessoal desterrou a saudade.

    A saudade não se identifica com a reminiscência platónica, dado que o saudoso se coloca emocionalmente perante um mundo pessoal e vivido e não perante o mundo impessoal de ideias e de formas objectivas, indiferentes, intemporais, a-espaciais e universalmente válidas.

    Embora a saudade, como vocábulo, seja exclusivo de luso-galaicos, o que exprime é próprio da constituição psíquica humana e, por isso, pode ser expresso por palavras de som e grafia diferentes.

    A saudade é um acontecimento psíquico susceptível de se dar no espírito de qualquer ser humano.

    A consciência individual pode ser mais ou menos sensível às circunstâncias particulares da existência; no entanto, o sentimento de conformidade ou desconformidade das situações vividas e a possibilidade do contraste de uma situação actual com a recordação de situações anteriores são próprios da natureza da vida emocional e da temporalidade da constituição espiritual.


SOBRE A ESSÊNCIA DA VERDADE, M. Heidegger
TEMA: A verdade na tradição

    Do conceito vulgar ao conceito filosófico, tradicional, de verdade: o verdadeiro como o efectivo; insuficiência desta ideia. A verdade como conformidade.
    A tradição filosófica: a verdade é a adequação da coisa ao intelecto. O duplo sentido e a assimetria desta adequação.
    As diferentes formas de elaboração da verdade como adequação - a conveniência assegurada pelo Criador; a ordem racional do mundo; a objectividade (Kant) - assumem que a verdade da proposição consiste na correcção do enunciado e que a não-verdade é um não-estar-conforme.
    A elucidação da ideia de conformidade, porém, revelará que a referência que reina entre o enunciado e a coisa tem base numa relação mais originária, pela qual o sujeito deixa a coisa opor--se como objecto. A verdade não reside originariamente na proposição e, da mesma maneira, a não--verdade não é exterior à essência da verdade.


TEORIA DA INTERPRETAÇÃO, P. Ricoeur
TEMA: A fixação do discurso na escrita

    Na escrita, a significação separa-se do evento, mas a estrutura fundamental do discurso mantém--se: o texto não só obedece à dialéctica do evento e da significação, como também torna mais explícita tal dialéctica.
    Ao fixar-se o discurso na escrita, a inscrição substitui a expressão vocal imediata. Procura-se fixar não a linguagem como langue, mas o discurso, porque enquanto evento este desvanece-se. A escrita não fixa o evento da fala, mas a exteriorização intencional, constitutiva do par «evento-significação». Embora a passagem da fala para a escrita diga respeito primariamente à mudança de canal, esta mudança tem vários efeitos noutros «factores» da comunicação.
    Mensagem e locutor: a intenção do autor e o significado do texto deixam de coincidir, resultando daí a autonomia semântica do texto.
    Mensagem e ouvinte: o auditório universaliza-se, o que possibilita uma multiplicidade de interpretações do texto que torna necessária a actividade hermenêutica.
    Mensagem e código: a sua relação complexifica-se, tomando possível a emergência dos géneros literários.
    Mensagem e referência: enquanto na fala a referência se baseia em mostrações dependentes da situação partilhada pelos interlocutores, na escrita ultrapassa-se a referência meramente situacional, e o homem passa a ter um «mundo». Os textos poéticos falam do mundo, mas não descritivamente: a escrita liberta um poder de referência para aspectos do nosso ser-no-mundo que só podem ser ditos graças à metáfora.

     

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Viseu, Jun/2003
Arranjo gráfico de A.R.Gomes

O mocho, símbolo da filosofia
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O Canto
da Filosofia