Ditos e ditotes | Ele há cada um... | Filósofo... em PESSOA |
|
![]() Página inicial |
Ameaças de filósofos | Outros cantos | Com prazo de validade | Ciberfilosofias | Lexicon |
|
qualidades vocais exercícios e seus objectivos
Se, para além da nossa presença, tentamos expressar alguma coisa, sabemos que estamos a querer exprimir-nos, mas podemos apesar disso, não ter consciência do nosso modo pessoal de expressão. A (auto) observação sistemática da execução de exercícios corporais ajuda-nos a tomar melhor consciência do nosso próprio corpo e do nosso modo de expressão pessoal. Como já afirmámos, o que de mal se passa na voz está associado a um mau uso do corpo na sua globalidade ou em certas áreas. Num trabalho sobre a voz, a primeira atenção deverá ser dirigida para o «Corpo e sua Verticalidade». 12.1. A VERTICALIDADE DO CORPO Propomos para iniciar qualquer conjunto de sessões sobre dinâmica corporal e vocal a execução de um exercício simples, a seguir descrito:
Observações: 1 - Posição global do
corpo em movimento e quando está parado, vista de perfil, frente
e costas. Estas observações serão feitas por outros indivíduos. É interessante realizar o exercício num grupo relativamente numeroso (cerca de 20 pessoas), dividido a meio, tendo cada executante um observador. O observador sabe o que vai observar, o executante não sabe a que níveis vai ser observado. Se todos quiserem participar, o l.° grupo poderá ser alvo das observações indicadas de 1 a 5 e o 2.° das mesmas acrescidas das observações 6, 7 e 8. Seguir-se-á uma troca de opiniões sobre as observações registadas e serão dadas informações sobre o que seria mais correcto realizar. Informações: É importante que caminhe, fale, projecte a voz, numa posição vertical, sem rigidez a cabeça não se inclina, o pescoço não está atirado para a frente, os ombros não descaem nem levantam, não há curvaturas nas costas (regiões dorsal ou lombar), o abdómen não se salienta. É necessário que os membros, o pescoço e a cabeça se possam movimentar livremente, sem bloqueios, e que em todos os momentos do exercício se sintam prontos a «agir». Os observadores não devem visualizar (pressentir) bloqueios nas junções cabeça/pescoço, pescoço/ombros; os ombros não se devem levantar nunca. Ao parar deve ficar apoiado nas duas pernas, que estarão ligeiramente afastadas (os pés não devem estar metidos para dentro), e com uma igual distribuição do peso do corpo; os braços estarão descaídos ou com as mãos na cintura. Uma outra posição possível, também de equilíbrio, consiste em flectir um pouco pelo joelho uma das pernas, que se situará à frente da outra. O peso do corpo vai ser exercido essencialmente sobre a perna flectida. Importa verificar se parece haver uma relação equilibrada entre as diferentes partes do corpo. As perturbações mais comuns denotam uma dissociação entre o que se passa acima e abaixo da cintura. Na zona superior do corpo o indivíduo apresenta-se rígido, contraído, agressivo e na zona inferior é mole e passivo, ou pode apresentar as pernas, nádegas e abdómen muito contraídos e o tronco e cabeça descaídos. Quando há esta discrepância entre duas regiões do corpo (o que não é tão raro acontecer) parece estarmos na presença de dois indivíduos diferentes no mesmo corpo. Nesta situação é impedida a circulação livre de energia ao nível de zonas musculares demasiado contraídas. Esta divisão do corpo associar-se-á provavelmente a factores de história pessoal (vivência de uma relação demasiado autoritária, rejeição, ...) e a uma personalidade perturbada. A prática de exercícios de relaxamento será importante para o (re)ligar das diferentes zonas corporais. A atitude de olhar em frente é a conveniente quando o indivíduo caminha, conversa ou pretende projectar a voz. Se olha para baixo significa que, por timidez e/ou sentimentos de insegurança emocional, não quer (não pode) enfrentar a situação humilhando-se perante ela. Se olha para cima, as razões poderão ser idênticas, embora pareça assumir uma atitude de superioridade e desprezo perante a situação (ou os interlocutores). Parece-nos oportuno citar a propósito Emanuel Mounier quando afirma: «A pessoa expõe-se, exprime-se: faz face, é rosto. A palavra grega mais próxima da noção de pessoa é prosopon: aquele que olha de frente, que afronta» (MOUNIER, Emanuel - Ao encontro da pessoa. Colecção de Antologias "Afrontamento", nº 1, pág. 5). A atitude de verticalidade (e o olhar de frente) será oposta à atitude de abatimento, de insegurança e dependência dos outros. O indivíduo que age intencionalmente, no contacto com os outros, numa atitude mental de liberdade, de convicção e de igualdade, fisicamente causará uma impressão de estabilidade e verticalidade; esta verticalidade terá um carácter mais subjectivo do que real (não é aconselhável nem possível a verticalidade do fio de prumo). Se existem zonas de tensão, principalmente ao nível do pescoço, cabeça e costas, a voz produzir-se-á com esforço. Referiremos algumas posturas móis comuns que são prejudiciais ò produção vocal. Cabeça inclinada para trás
Cabeça caída para baixo e tórax descaído
Levantar os ombros, forçando a inspiração na zona superior do peito
Juntar (apertando) os joelhos
Cabeça puxada para a frente da coluna vertebral e as costas, compensatoriomente, para trás
O exercício (l) que propusemos deve ser realizado com observadores. Exercícios semelhantes poderão ser executados por um indivíduo que esteja sozinho, observando-se a um espelho. As indicações que foram dadas a propósito do exercício l serão úteis em muitos outros. A posição vertical vai facilitar a execução de exercícios respiratórios e vocais. Do mesmo modo há exercícios respiratórios e vocais que propiciam a prática da verticalidade. Exercício 2 Levantar a caixa torácica em bloco ao mesmo tempo que realiza um movimento inspiratório. A bacia e as pernas constituem uma estrutura sólida que sustenta o resto do corpo; os ombros não se elevam separados do tórax, a face e o tronco mantêm-se verticais, as costelas não devem alargar. A caixa torácica baixará até ao ponto inicial, quando se realiza a expiração. (Ex. o «suspiro do Samourai» - Le Huche). Exercício 3 Olhar(-se) em frente de um espelho, mantendo a posição vertical. O pescoço e a face rolam ora para a direita ora para a esquerda lentamente, mas a direcção do olhar mantém-se constante (para a frente); o resto do corpo não mexe. (Ex. «Esfinge» - Le Huche). Exercício 4 Olhar(-se) em frente de um espelho, mantendo a posição vertical. O pescoço e a face mantêm-se parados e todo o resto do corpo, como um bloco, roda ora para a esquerda ora para a direita. (Ex. «A Ânfora» - Le Huche). Nestes exercícios (2, 3, 4) nenhuma parte do corpo se deve inclinar. A verticalidade é mantida qualquer que seja a zona que executa a rotação. Exercício 5 Em posição vertical, pés ligeiramente afastados, sem perder o equilíbrio, passar a exercer o peso do corpo só sobre uma das pernas, estirando o lado livre do corpo desde a ponta do pé até ao braço que se eleva na vertical, e aos dedos da mão. Este movimento de estiramento (e contracção muscular) será acompanhado de uma inspiração costal e ao vortar (relaxando) à posição inicial por uma expiração. Neste exercício o eixo do corpo inclina ligeiramente. Exercício 6 Em posição vertical, pés juntos e braços ao longo do corpo, sem perder o equilíbrio, o indivíduo ora se apoia nas pontas dos pés ora nos calcanhares. (Ex. «O soldado de madeira» - Le Huche). Exercício 7 O indivíduo começa por estar bem vertical e a olhar em frente, depois flectirá, sucessivamente: a cabeça (e só a cabeça) «atitude de reflexão»; o pescoço «atitude de reflexão profunda»; as costas «atitude de abatimento»; a cintura «atitude de esgotamento»; finalmente flectirá a zona da bacia deixando cair todo o corpo, aproximando as mãos dos pés (os joelhos não dobrarão). Seguidamente realizar-se-á o retorno à posição inicial (nos mesmos 5 tempos). Conseguir estar cerca de 1 minuto em cada uma das posições sem se sentir cansado nem contraído será a situação ideal. A verticalidade do corpo Objectivos deste conjunto de exercícios:
[Abr/2003] |
![]() Página inicial d' O Canto da Filosofia |
|