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Xerazade, suite de Rimsky-Korsakov(guia de audição)2. O Relato do príncipe Kalender. Tema de Xerazade. De seguida o fagote executa um novo motivo daí resultante, de carácter alegre, retomado pelas outras "madeiras". Brusca mudança: ouvem-se fanfarras guerreiras (trombones seguidos de trompetes), que se repercutem a toda a orquestra. Os trémulos dos violinos e a agitação das madeiras evocam o Oiseau Roch. Regresso das fanfarras seguidas do tema inicial. 3. O Jovem Príncipe e a Princesa. Peça de um enorme encanto dominada pelos dois temas de carácter oriental. O primeiro evoca o Príncipe (Sol M); é exposto pelos violinos e depois parafraseado pelas madeiras. O segundo, mais ligeiro, ritmado pelo tamborim, evoca a Princesa. A reexposição do primeiro tema é interrompida por uma cadência do violino solo que é feita sobre o motivo de Xerazade. 4. A Festa em Bagdade, o Mar, Naufrágio do barco nos rochedos. Após uma introdução, em que o motivo de Xerazade é executado em acordes no violino solo (extremamente arriscado!), a festa retoma temas de outros andamentos, combinados num outro tema rápido em ritmo ponteado. Vários crescendos espectaculares conduzem à descrição do mar e do vento (escalas cromáticas nas madeiras), depois à do naufrágio (pancada de gongo). O andamento conclui-se com o tema de Xerazade que se esfuma no extremo agudo do violino. Inspirada livremente em alguns episódios das Mil
e Uma Noites, marcados pelo exotismo e sensualidade, Xerazade
é uma verdadeira sinfonia em quatro andamentos. Os contos só
são um pretexto, afirma Rimsky, um
estimulante da invenção musical; não é necessário
procurar, diz ele, nem leitmotiv nem correspondências precisas entre
o discurso musical e as imagens evocadas pelos contos. Para afirmar ainda
mais as suas intenções puramente musicais, Rimsky suprimirá
os sub-títulos dos quatro andamentos, mas, nos programas de concertos,
foram sempre conservados. Com efeito, as intenções descritivas
do compositor não são nada duvidosas, mas ele percebeu sem
dúvida que o aspecto anedótico da sua sinfonia não
era o mais feliz. O valor desta partitura reside no esplendor da escrita,
particularmente no brilho da orquestração e no refinamento
do detalhe instrumental. Só o motivo de Xerazade no violino solo,
tema cíclico que assegura a unidade de uma composição
extremamente complexa, pode ser considerada como um leitmotiv. Os numerosos
outros temas, segundo a sua forma e contexto, podem corresponder a ideias
diferentes, sem trazer uma nova luz à nossa percepção
desta obra-prima, auge da perícia de Rimsky-Korsakov, onde o orientalismo
não é senão um modo de reencontrar as maravilhas das
Mil e Uma Noites.
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