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Pretexto
para este texto: o apoio à rubrica Da
percepção à razão do programa do 11º
ano (ano lectivo 2001/02) de Introdução
à Filosofia
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A função adaptativa da percepção deriva de "mecanismos integrativos profundamente impressos no sistema nervoso como legado da evolução" (J. L. Pinillos). Os fenómenos de constância
perceptiva são uma prova desta herança que a espécie
transporta impressa no sistema nervoso. De facto, os estímulos variam mas nós reconhecemos o objecto muito pequeno que vemos no céu, como sendo um avião; sabemos que o fundo do copo é redondo ainda que o vejamos oval e não tememos que os carris paralelos do comboio se encontrem na próxima estação. Os estímulos que recebemos variam, mas a percepção mantém-se constante -- se assim não acontecesse não sobreviveríamos, porque não reconheceríamos os objectos. Além desta constância, a percepção
caracteriza-se também por ser selectiva, já que o
mundo do homem é extraordinariamente rico: variado, movimentado,
colorido, sonoro... A atenção é o mecanismo pelo
qual se efectua a selecção perceptiva. A atenção
direcciona os nossos recursos mentais para o que nos interessa, porque
o nosso cérebro não poderia processar toda a informação
que recebe. É assim que, quando prestamos atenção
a uma mensagem, antecipamos a entrada de informação de forma
a conduzi-la correctamente. Depois, para podermos interpretar a informação
que nos é enviada do mundo, precisamos de esquemas cognitivos.
Os esquemas aprendem-se e melhoram-se com a experiência. Percebemos
quando damos significado a um objecto, isto é, quando o reconhecemos
por meio de um esquema e o designamos por uma palavra. E porque a percepção
está ligada à palavra, ela é um acto humano: aprende-se
a perceber e, pela experiência, melhora-se a percepção
-- por isso, a percepção varia de indivíduo para
indivíduo conforme o seu modo, o seu estilo de conhecimento. A percepção tem a marca da
cultura. É que eu não estou sozinho no mundo -- há
os outros que percebem o mundo, que me percebem a mim e que eu posso perceber
e que põem em comum comigo o seu modo de perceber: por isso, eu
posso perceber o que nunca experimentei.
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