E se vivêssemos para sempre? |
O Tiago é aluno do 12º M na Escola Secundária de Emídio Navarro de Viseu, no ano lectivo de 2000/01.
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Se vivêssemos para sempre... que sonho tão bonito!
É pena que seja irrealizável, a menos que encontremos um Génio
que nos satisfaça esse desejo. Mas
às vezes ponho-me a pensar no que seria... Podíamos viajar
no espaço, no tempo,
passados 1000 ou 2000 anos, mas como nós éramos imortais,
esses anos passariam num sopro. Mas nem tudo são rosas. Haveriam
de surgir vários problemas, como o aumento explosivo de população,
haveria mais políticos corruptos, mais ódio, pois o homem,
apesar de ser um "animal social" e um "animal político", não
gosta de invasões à sua privacidade, de afrontas, pois "vai-se
logo aos arames", o que haveria certamente de acontecer pois seríamos
tantos, que andaríamos todos a monte. Com o passar do tempo surgiriam
novos problemas (éticos, políticos,
etc.) o que obrigaria a uma intervenção da Filosofia.
Por exemplo, a Filosofia podia entrar em problemas como: "Será que
devíamos começar a guerra
contra os Marcianos?" (o que poderá ser bem possível, dada
a descoberta de água em Marte, e as condições propícias
ao aparecimento de bactérias, que evoluiriam até grandes seres
de duas cabeças, verdes), "Será que devemos continuar com
a clonagem de Seres Humanos?" (agora começa a ser possível,
daqui a 300 anos é banal), "Será que o Estado devia pagar
20 milhões de contos à família do astronauta que está
no hospital por ter queimado o cabelo a contar as manchas solares?", entre
outros. Mas, agora sem ironias, a Filosofia seria cada dia mais importante
pois a Ciência, a Técnica,
os Media, se agora já levantam problemas, daqui a uns tempos, à
velocidade do progresso a que vamos, haverá problemas com os quais
nós nem sonhamos, relacionados com a ética e com sociedade
(que existem, que vão continuar a existir, independentemente de sermos
mortais ou não). Mas seria engraçado ver os respeitados anciãos
de 200000 anos de idade a contar aos seus "enésimos" netos de "apenas"
500 anos de idade como era a vida na sua infância. Além do
mais, partindo do pressuposto de que nós nunca tínhamos sido
mortais, poderíamos ser amigos de ilustres personagens como Júlio
César, Platão, Sócrates,
D. Afonso Henriques, entre outros, o que certamente nos tornaria mais cultos.
O Latim ainda seria uma língua falada pelos romanos da Roma antiga.
Com um pouco de sorte até seríamos discípulos de Sócrates,
o que levaria a um aperfeiçoamento do nosso filosofar. Mas ainda
não cheguei ao essencial. Se esta imortalidade fosse possível,
em vez de um Deus, seríamos nós
os deuses, pois não haveria nada que não estivesse ao nosso
alcance, inclusive, poderíamos chegar, com o tempo, à Verdade,
seríamos Mestres em tudo. E será que a inexistência
de um Deus é boa? Em quem nos apoiaríamos nos momentos de
angústia, solidão, fragilidade? E será que não
nos fartaríamos desta existência sem limites? E o que seria
se tivéssemos 200 anos de aulas? É melhor nem pensar. A nível
mental e psicológico acho que não seria desejável uma
existência assim, pois passado um tempo andaríamos cá
por andar, "por ver andar os outros", sem contar com aqueles "Vencidos da
Vida" sem objectivos, cuja existência seria um arrastar, um martírio.
Sejamos francos, por mim basta-me chegar aos 200 anos, para ter tempo para
fazer tudo, desde ler, ouvir música, jogar futebol, jogar PC, falar,
ler... Embora isto seja pessoal, não tenho pressa de viver nem sede
de uma longa existência (embora não me importasse), pois acredito
numa vida tranquila, sem problemas, depois
da morte. Seria assim, em linhas gerais
a vida sem morte: com prós mas também com contras.
Tiago Almeida
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