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GIORDANO BRUNO
foi queimado vivo a 17/2/1600
Roma homenageia filósofo queimado pela Inquisição
Giordano Bruno, um frade dominicano italiano
queimado vivo, há 400 anos, na fogueira da Inquisição
católica, devido às suas ideias originais sobre a lei natural,
vai ser homenageado em Roma, ao longo deste ano. O célebre filósofo
e escritor, que viveu entre 1548-1600, foi o primeiro a admitir o infinitude
do Universo mas após oito anos de processo inquisitorial e depois
de rejeitar a hipótese de se retratar, o que o teria livrado da
morte, Bruno foi condenado a morrer queimado, a 17 de Fevereiro de 1600,
numa pira erguida na Praça do Campo das Flores, em Roma, onde há
hoje uma estátua em sua honra. Na sua obra, o filósofo reflectiu
sobre si próprio, a natureza e o mundo, durante o processo inquisitorial.
Este frade dominicano que viajou pela Europa, cometeu a imprudência
de voltar a Veneza, onde o seu calvário começou em 1592.
Entre as homenagens que lhe serão feitas este ano destaca-se um
congresso internacional de especialistas que vão analisar a sua
obra e a publicação dos seus "escritos mágicos", explicou
o vereador da Cultura, Gianni Borgna. O congresso incide não só
sobre as suas 309 obras filosóficas, mas também sobre trabalhos
de cosmologia, matemáticas e ciência, sem esquecer a comédia
satírica "Il Candelaio" ("O Veleiro"). Exposições,
concertos e representações teatrais servirão também
para recuperar a memória sobre a figura de Giordano Bruno, conhecido
como o filósofo da liberdade e da tolerância,
firme defensor das teorias copérnicas e impulsionador da lei da
Natureza.
As fogueiras da Inquisição semeiam o terror
Na peça que Victor Hugo consagra, em 1869, àquele que foi,
de 1483 até à sua morte, em 1498, inquisidor-geral de Espanha,
Tomás
de Torquemada profere estas palavras terríveis:
Para que o inferno se feche e o céu se abra, é
necessária esta fogueira.
Porque
O inferno de uma hora anula o inferno eterno
O pecado arde com o vil andrajo carnal
E a alma sai, esplêndida e pura, da sua chama
Porque a água lava o corpo, mas o fogo lava a alma.
(...)Numa obra de 1543, contemporânea da Inquisição
espanhola e da Contra-Reforma, o polaco Nicolau Copérnico destrói
a concepção tradicional do mundo. Não é o Sol
que gira em torno da Terra, mas a Terra que gira em torno do Sol. Esta
tese contradiz a leitura à letra dos textos bíblicos, nomeadamente
a descrição de Josué parando a rota do Sol: Sol,
pára sobre Gabaão, Lua, sobre o vale de Ayalon. E o Sol parou
e a Lua imobilizou-se.
Roma pôs a obra de Copérnico no Índex em 1616 —
até
que seja corrigida. Galileu, que a retoma,
é também ele condenado em 1633. E, contudo, ela move-se,
exclama ele quando do seu processo. Ser-lhe-á fixada residência
até ao fim da vida, e hão-de passar três séculos
até que seja reabilitado pelo Vaticano. Também próximo
das teses de Copérnico, acusado de magia, o filósofo panteísta
Giordano Bruno morre na fogueira em Roma, em 1600. Antes dele, ainda em
1533, Michel Servet, teólogo espanhol suspeito de negar o dogma
da Santíssima Trindade, morrerá igualmente na fogueira, condenado
não por Roma, mas pelo austero magistério calvinista de Genebra.
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